Em entrevista à Folha, Sergio Moro falou sobre 2022. Procurou não parecer o que é, para não passar a impressão de que é o que parece. Teve o cuidado de não excluir a hipótese de ser e parecer.
Perguntou-se a Moro: Não mexe com sua vaidade ser uma peça até favorita para 2022?
Para não parecer o que é, o ministro declarou: “Não tenho esse tipo de ambição.”
Para que Bolsonaro não diga que é o que parece, Moro emendou: “Eu brinco que já tenho problemas suficientes para lidar”.
Para não excluir a hipótese de ser e parecer, tascou: “Como ministro do presidente seria absolutamente inconsistente eu não apoiar a reeleição dele em 2022.”
Ficou subentendido que, se virar ex-ministro, Moro pode se oferecer como alternativa para embaralhar o jogo viciado que está na mesa.
A alturas tantas, indagou-se: Descarta ser vice de Bolsonaro em 2022? A resposta veio no mesmo formato.
“O que temos é um vice-presidente que respeito muito, Hamilton Mourão”, afirmou Moro, para não parecer o que é.
Mourão é “um general consagrado, que colocou em risco a carreira em um determinado momento para defender o que ele pensava”, acrescentou, para que o vice não diga que é o que parece.
“Acho que essa discussão não é apropriada no momento”, arrematou, abrindo uma vereda para ser e parecer candidato noutro instante.
Faltando três anos para a sucessão, especular sobre a candidatura presidencial de Moro é exercício de quiromancia política.
Entretanto, seria ingenuidade fechar os olhos para a possibilidade de que isso ocorra.
O ex-juiz participará da próxima campanha presidencial. Falta definir em que condições.
Ausente, Moro apanhará indefeso. No figurino de candidato, pode se defender e partir para o ataque.
Como diria Dummond, há uma urna no caminha de Sergio Moro.