Cúpula do Judiciário e parlamentares são principal entrave à proposta
A cúpula do Judiciário e uma ala fisiológica de parlamentares dentro do Congresso encarnam hoje o principal entrave à proposta de reduzir salários do funcionalismo em resposta ao caos econômico-fiscal gerado pela pandemia do coronavírus.
Enquanto o governo prepara uma medida provisória para permitir o corte de até 65% da remuneração e jornada de trabalhadores do setor privado —com uma ajuda federal para recompor os ganhos, a depender da renda—, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, já fez circular seu recado: uma proposta de emenda constitucional para reduzir vencimentos de servidores pode ser barrada pela corte.
Deputados e senadores do bloco de partidos conhecido como centrão também resistem à ideia, embora o “primeiro-ministro”, Rodrigo Maia, seja um dos principais entusiastas da medida. Ele defende cortar em até 20% os holerites do funcionalismo, o que incluiria os salários de parlamentares.
Pelos cálculos de Maia, seria possível economizar até R$ 3,6 bilhões/mês, preservando funcionários de menor remuneração e os que trabalham na linha de frente do combate ao vírus. Outra hipótese prevê redução de até 30% nos altos contracheques.

No jogo de forças de Brasília, o poderoso corporativismo estatal tem levado a melhor —vide o destino da reforma administrativa e da chamada PEC emergencial. Mesmo em tempos de guerra como o que vivemos, permanecem como tabu iniciativas para extinção de privilégios e redução da desigualdade.
No mais, há a quem se aplique a abjeta declaração do presidente Bolsonaro, para quem o brasileiro merece ser estudado. “Você vê o cara pulando em esgoto ali. Ele sai, mergulha e não acontece nada com ele.”
O Senado aprovou a medida provisória do contribuinte legal e derrubou o jabuti enxertado pela Câmara com o bônus de eficiência dos fiscais da Receita —teria sido um aumento salarial escamoteado.
Julianna Sofia
Jornalista, secretária de Redação da Sucursal de Brasília.
MEU COMENTÁRIO:
Passam décadas e o país continua o mesmo.
Diz a Carta Magna que todos são iguais perante a lei.
Sim, mas existem os iguais e os “mais iguais”.
Fácil discernir onde se encaixam os servidores, aqueles que são pagos com o dinheiro arrecadado dos iguais.
São eles – nós – que pagamos a conta.
Até quando? Só Deus sabe…